35°17’32”N 2°56’17”W
A reputação não é das melhores. Quando não é chamada à conversa pelo lado da crise migratória, é recordada por ter sido o ponto de partida do golpe de estado de 1936 que conduziu à Guerra Civil– e consequente subida ao poder de Francisco Franco. Aliás, a cidade autónoma guarda a derradeira estátua do ditador em espaço público, assunto que também tem preenchido as páginas dos jornais espanhóis – e que também não lhe abona a favor.
Nenhuma destas questões, porém, anula a curiosidade geográfica que são estes dois palmos – 12 quilómetros quadrados – de território espanhol em solo africano. Constitui, a par de Ceuta, a única fronteira terrestre entre a União Europeia e África, motivo pelo qual se tornou um dos hotspots da migração clandestina vinda da Ásia, do Médio Oriente e do interior do continente. Por esse motivo, encontra-se cercada por três vedações de 6 metros de altura, arame farpado, câmaras e patrulhas de helicóptero.

Quem vem do lado de Espanha continental, o que vê é uma muralha imensa, de pedra, histórica, um movimentado porto comercial e uma cidade multicultural (estima-se que metade dos 86 mil habitantes seja muçulmana) onde persiste a maior concentração de edifícios modernistas e art déco do país após Barcelona. Um mundo a dois tempos, no cruzamento de dois mundos.
Artigo originalmente publicado na edição de maio de 2018 da revista Volta ao Mundo
[no destaque: montagem sobre imagens do Google Maps]