
1. Argélia (ouvir)
O poema do nacionalista Moufdi Zakaria lembra a França de que ninguém ouviu as reivindicações argelinas, «cantadas ao ritmo dos canhões», «marteladas à cadência das metralhadoras». E exorta os compatriotas para «escrever com o sangue dos mártires» o apelo da pátria. Poético.

2. Itália (ouvir)
Além de apelar à união nacional e afirmar repetidamente «Estamos prontos a morrer», Il Canto degli Italiani versa particularmente sobre a «Águia da Áustria», que «já perdeu as penas» e «o sangue de Itália e (…) polaco que bebeu, assim como o cossaco, lhe queimou o coração». Boa vizinhança.

3. França (ouvir)
«Conseguem ouvir, (…) o clamor dos soldados ferozes?» Pergunta retórica, seguida de retórica de gelar o sangue: «Eles vêm na nossa direção, para cortar as gargantas dos nossos filhos, das nossas mulheres». O que fazer? «Marchemos! Que o sangue impuro regue os nossos campos.»

4. Vietname (ouvir)
O hino vietnamita é congregador, como qualquer hino deve ser. Fala sobre superar dificuldades, do amor à bandeira, da procura de uma vida melhor, de quebrar grilhões, tudo coisas normais – não fosse a máxima «O caminho da glória é pavimentado pelos corpos dos nossos inimigos».

5. Turquia (ouvir)
Os turcos estão prontos a «fazer do corpo trincheira» e clamam: «Que Deus me tire a vida, todos aqueles que eu amo e as minhas posses (…), mas não me prive da minha única pátria». «Contra os canhões, marchar» é coisa para meninos.
Artigo originalmente publicado na edição de outubro de 2015 da revista Volta ao Mundo