19°12’44″S 159°56’21″E //
A primeira referência apareceu em 1876. A meio caminho entre a Austrália e o arquipélago francês da Nova Caledónia, a tripulação do baleeiro Velocity avistou uma série de recifes e de ilhéus de areia que, duas décadas mais tarde, viria a surgir, preto no branco, numa carta naval do Almirantado Britânico (1908).
Uma ilha de formato oblongo, com 24 quilómetros de comprimento por cinco de largura. O seu contorno surgia pontilhado, indicando tratar-se de um risco potencial para a navegação, mas também a necessidade de uma exploração mais aprofundada. Ao lado, um nome, ainda que genérico: Sandy Island. Ilha arenosa.
Acontece que a descoberta assim ficou, replicada em mapas diversos ao longo do século XX – do atlas do The Times, datado de 1897, onde aparece como Sable Island (com igual significado, agora em francês, afinal «estava» em águas francesas), ao Google Earth.
![Embora tenha entretanto apagado a ilha, o Google Maps manteve o fantasma do seu contorno. [montagem sobre imagem Google Maps]](https://gremiogeographico.files.wordpress.com/2019/10/sandy-island-2-1.jpg)
Em 2012, foi posta no terreno uma expedição que dava seguimento à «sugestão» levantada pelo mapa de 1908. A bordo do navio Southern Surveyor, uma equipa de cientistas australianos rumou até à ilha do Mar de Coral, com o propósito de estudá-la. Contudo, a única descoberta que fizeram foi a da sua inexistência. O Google Earth não tardou a fazê-la desaparecer dos seus mapas (mas ainda se vislumbra o «fantasma» do seu contorno). Contudo, nem tudo foi perda: o mundo da exploração marítima acabou por ganhar um novo verbo, «desdescobrir».
Artigo originalmente publicado na edição de abril de 2016 da revista Volta ao Mundo
[no destaque: montagem sobre imagem do arquivo do Auckland War Memorial Museum – Tāmaki Paenga Hira]