Por um lado vibrante e cosmopolita, por outro viciosa e enigmática. A metrópole que viu Bruce Wayne nascer, crescer e tornar-se seu vigilante de serviço é tudo menos uma cidade aborrecida.
Por mais que o Sol lhes aqueça os dias, há cidades que parecem preferir o brilho da lua para revelar o seu esplendor. A Gotham não lhe falta o seu quinhão de dias radiantes, mas acaba por ser pelo lado sombrio, misterioso, que é habitualmente retratada, tanto no cinema como na televisão, na banda-desenhada ou em videojogos. Para uma metrópole gótica, um herói gótico: se a vizinha Metrópolis tem o Super-Homem, Gotham é protegida, quando a polícia falha (o que acontece com frequência), pelo Homem-Morcego, alter-ego justiceiro do multimilionário Bruce Wayne.
Nos seus 60 quilómetros quadrados cabem 10 milhões de almas, algumas bem retorcidas, por sinal: Gotham é anormalmente fértil em mentes criminosas que primam pela excentricidade
A «maior cidade americana», segundo o discurso de um presidente da república não-identificado, fica na costa Nordeste dos EUA, à beira-Atlântico. É uma cidade de ilhas, três maiores, que correspondem às áreas de Uptown, Midtown e Downtown, e três menores – cada qual com diversos nomes, ficam para referência Arkham, Narrows e Tricorner. A ligá-las entre si e à orla continental, sobre o rio Gotham, há pontes, duas dezenas delas, parte integrante do skyline gothamita, do qual se destaca, entre a selva de arranha-céus, a torre da catedral, o ponto de vista mais desimpedido da cidade, erguida 240 metros acima do solo.
Nos seus 60 quilómetros quadrados cabem 10 milhões de almas, algumas bem retorcidas, por sinal: além de Wayne, do respeitado comissário Gordon, do em-tempos-respeitado procurador Harvey Dent e de uma multidão anónima presumivelmente honesta, Gotham é anormalmente fértil em mentes criminosas que primam pela excentricidade. Joker, Pinguim e Scarecrow encabeçam a galeria de infames.
O outro lado deste submundo de corrupção e criminalidade é uma cidade próspera, assente na alta-finança, na indústria e na actividade portuária. Uma cidade viva, onde abundam museus e galerias, restaurantes de topo e bares trendy (como o Iceberg Lounge, propriedade do Pinguim). De resto, quando a polícia falha, há sempre um super-herói de serviço, a espreitar da sombra.
Artigo originalmente publicado na edição de janeiro de 2015 da revista Volta ao Mundo
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